sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Amassar açaí de forma tradicional

26/10/11
Umas das atividades que fazia parte da Gincana da Juventude da 48ª Expo-Feira de Macapá/AP, foi amassar açaí de forma tradicional, alunos mostraram suas habilidades manuais. Conhecendo um pouco mais sobre o açaí: origem, qualidades nutitivas, música, lenda.

SOBRE O AÇAÍ

Origem da palavra açaí: vocábulo tupi ïwasa'i

Significado: "fruto que chora", ou seja, fruta que expele água.

Qualidades nutritivas: rico em lipídios, vitaminas (B1, B2, A, E), rico em ferro ( indicado no tratamento de anemias e fortalecimento muscular), alta concentração de fibras (melhora as funções intestinais), teor elevado de pigmentos anticianianos que são antioxidantes ( favorece a circulação sanguínea), fósforo, minerais, gordura vegetal, cálcio, potássio .
Processos de obtenção do açaí: O caboclo sobe na palmeira e extrai o cacho contendo a fruta. Para preparar a be
bida, o açaí deve ser primeiramente despolpado em máquina própria ou amassado manualmente (depois de ficar de molho na água), para que a polpa se solte, e misturada com água, se transforme em um suco grosso também conhecido como vinho do açaí.
A forma tradicional na Amazônia de tomar o açaí: gelado com farinha de mandioca ou tapioca. Há quem prefira fazer um pirão com farinha e comer com peixe assado ou camarão e mesmo os que preferem o suco com açúcar. As sementes limpas são muito utilizadas para o artesanato.

Quando descartadas, servem como adubo orgânico para plantas.

Nas demais regiões do Brasil, o açaí é preparado da polpa congelada batida com xarope de guaraná, gerando uma pasta parecida com um sorvete, ocasionalmente adicionando frutas e cereais, o que não é bem visto pelos habitantes da região Norte, que encaram a mistura como um desperdício de açaí. O detalhe é que isso gerou uma distorção na concepção de consumo da fruta: poucos brasileiros sequer sabem que o fruto é nativo do Norte, muito menos, sabem que é consumido puro.


MÚSICA

Sabor Açaí - Nilson Chaves

Composição: Nilson Chaves e João Gomes


E prá que tu foi plantado

E prá que tu foi plantada

Prá invadir a nossa mesa

E abastar a nossa casa...


Teu destino foi traçado

Pelas mãos da mãe do mato

Mãos prendadas de uma deusa

Mãos de toque abençoado...


És a planta que alimenta

A paixão do nosso povo

Macho fêmea das touceiras

Onde Oxossi faz seu posto...


A mais magra das palmeiras

Mas mulher do sangue grosso

E homem do sangue vasto

Tu te entrega até o caroço...


E tua fruta vai rolando

Para os nossos alguidares

Tu te entregas ao sacrifício

Fruta santa, fruta mártir

Tens o dom de seres muito

Onde muitos não têm nada

Uns te chamam açaizeiro

Outros te chamam juçara...


Põe tapioca

Põe farinha d'água

Põe açúcar

Não põe nada

Come e bebe como um suco

Eu sou muito

Mais que um fruto

Sou sabor marajoara

Sou sabor marajoara

Sou sabor...


Põe tapioca

Põe farinha d'água...


LENDA DO AÇAÍ

num passado muito distante, vivia no coração da floresta uma aldeia indígena muito numerosa. Naquela época ocorreu uma fase de grande escassez de alimentos de modo que os índios sofreram muito. Por essa razão, o líder dos índios (conhecido como cacique) teve que tomar uma decisão drástica. Ele decidiu fazer um controle populacional com objetivo de diminuir a fome de seu povo. Ele pensava que com menos pessoas para alimentar seria mais fácil enfrentar aquele período de penúria. Portanto, o cacique determinou que todas as crianças que nascessem a partir daquela data seriam sacrificadas.
Contudo, a filha mais nova do cacique, a bela “Iaçá”, deu a luz a um gracioso menino que, infelizmente, teve o mesmo destino cruel das outras crianças.
Por causa disso, a jovem índia chorava todas as noites com muitas saudades de seu filho, até que numa noite de lua cheia, a índia ouviu o choro de uma criança que se parecia bastante com o choro de seu filho. Ela se levantou rapidamente e saiu à procura do menino até que chegou perto de uma belíssima palmeira.
Quando a índia chegou ao local, seu filho a esperava ao pé da palmeira, com um largo sorriso no rosto e com braços abertos. Cheia de alegria, a índia “Iaçá” correu para abraçá-lo, mas quando o fez, a criança desapareceu num piscar de olhos. No dia seguinte, a índia foi encontrada morta, abraçada ao tronco da palmeira. Seu rosto trazia um suave sorriso de felicidade e seus olhos negros, ainda abertos, fitavam o alto da palmeira que estava carregada de frutinhos escuros.
Comovido com tudo aquilo, o cacique ordenou que os indígenas apanhassem os frutinhos e percebeu que deles poderia se extrair um suco quando amassados, que passou a ser a principal fonte de alimento daquela aldeia. Este achado fez com que o cacique suspendesse os sacrifícios e as crianças voltaram a nascer livremente, pois a alimentação já não era mais problema na aldeia.
Para agradecer aquela benção recebida e também para homenagear sua filha, o cacique batizou com o nome de “Açaí” aos frutinhos encontrados na palmeira, que é justamente o nome de “Iaçá” ao contrário.
Para muita gente, as lendas e mitos são simples bobagens, mas ao olharmos com mais detalhes para o modo de vida das comunidades onde essas narrativas nascem podemos extrair grandes lições. No caso da “Lenda do Açaí” é possível ver uma série de valores que servem para unir o grupo, reforçando laços de afinidade, a esperança num futuro melhor, incentivando à crença na provisão divina e reforçando a busca de alternativas para superar dificuldades individuais e coletivas.
Conhecer uma Lenda como essa nos leva pensar um pouco, pois enquanto que muitos de nós, capitalistas urbanos, buscamos consumir o Açaí simplesmente pelas suas propriedades nutricionais ou só para “estar na moda”, é importante entender outros valores que levam os povos da floresta apreciar esse delicioso alimento.

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